O ronco, muitas vezes visto como apenas um incômodo sonoro, pode ser um alerta para problemas de saúde mais sérios. Embora o ronco por si só não leve diretamente à morte, ele pode ser um sintoma de uma condição perigosa chamada apneia obstrutiva do sono (AOS), que, se não tratada, pode aumentar significativamente o risco de complicações graves, inclusive fatais.
A apneia obstrutiva do sono é um distúrbio no qual as vias aéreas superiores são bloqueadas repetidamente durante o sono, causando interrupções momentâneas na respiração. Esses episódios podem ocorrer dezenas ou até centenas de vezes por noite, resultando em uma diminuição nos níveis de oxigênio no sangue e em um sono fragmentado e de baixa qualidade.
O ronco é um dos sintomas mais comuns da apneia obstrutiva do sono. O som é causado pela vibração das vias aéreas parcialmente bloqueadas enquanto o ar tenta passar. Embora nem todo mundo que ronca tenha apneia do sono, o ronco alto e frequente, especialmente quando acompanhado de pausas na respiração, é um sinal de alerta que não deve ser ignorado.
A apneia do sono não tratada pode levar a uma série de complicações de saúde, algumas das quais podem ser fatais. A interrupção repetida da respiração durante o sono coloca um estresse significativo no coração, aumentando o risco de desenvolver hipertensão, ataques cardíacos e insuficiência cardíaca.
Pessoas com apneia do sono têm um risco maior de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC), que pode ser fatal ou deixar sequelas graves. Além disso, a apneia do sono pode interferir no metabolismo da glicose, contribuindo para o desenvolvimento da diabetes tipo 2, uma doença crônica que pode levar a complicações graves se não for bem controlada.
A privação de sono resultante da apneia também pode levar a dificuldades de concentração, perda de memória e um risco maior de acidentes, incluindo acidentes de trânsito. Além dos riscos físicos, a apneia do sono também pode impactar a saúde mental, contribuindo para o desenvolvimento de ansiedade e depressão devido à constante privação de sono.

Pacientes com apneia do sono também podem enfrentar desafios em suas vidas sociais e profissionais, já que a sonolência diurna pode afetar o desempenho no trabalho e a convivência com outras pessoas. Com o tratamento adequado, é possível reverter esses efeitos, melhorar a qualidade de vida e reduzir os riscos associados à apneia do sono.
Em casos graves, a apneia do sono pode causar uma queda perigosa nos níveis de oxigênio durante a noite, o que pode levar a uma arritmia fatal ou morte súbita. Para aqueles que roncam alto e frequentemente, ou que apresentam pausas na respiração durante o sono, é crucial procurar orientação médica.
O diagnóstico pode ser feito através de um estudo do sono, conhecido como polissonografia, que monitora os padrões de respiração, níveis de oxigênio e atividade cerebral durante a noite. O tratamento para a apneia do sono pode variar dependendo da gravidade, mas as opções incluem mudanças no estilo de vida, uso de dispositivos como o CPAP (um aparelho que mantém as vias aéreas abertas durante o sono) e, em casos mais graves, cirurgia.
O ronco pode parecer inofensivo, mas pode ser um sinal de um problema de saúde potencialmente letal. Ignorar o ronco e os sintomas associados à apneia do sono pode ter consequências graves. Por isso, é fundamental ficar atento, procurar orientação médica e, se necessário, iniciar o tratamento adequado. Cuidar da qualidade do sono é cuidar da própria vida.